O último surto de violência tribal no Darfur, no Sudão, que estalou novamente entre as tribos Hausa e Berta, causou pelo menos 105 mortos, informaram as autoridades locais, alertando para o alastramento dos conflitos.
O diretor do Controlo de Emergências e Epidemiologia do Ministério da Saúde do estado do Nilo Azul, Omar Adam Omar, disse em comunicado que o balanço das vítimas até à manhã de terça-feira nesta região do país que faz fronteira com a Etiópia era de 105 mortos e 225 feridos.
Este número inclui os casos que chegaram aos hospitais da região, mas não especifica se pode haver mais mortos não registados, e entre os feridos havia 20 pessoas em estado crítico que foram transferidas para a capital, Cartum, para receber tratamento.
Os confrontos são o resultado de disputas entre as tribos Hausa e Berta devido a questões relacionadas com uma disputa pela liderança da administração desta região do Nilo Azul, e agravaram-se depois da morte de um agricultor em circunstâncias ainda não esclarecidas.
A tribo Hausa está espalhada pela maior parte do Sudão e está envolvida principalmente na agricultura e no comércio.
Milhares de Hausas marcharam hoje em várias cidades do Sudão para gritar “Vingança” e “Os Hausas também são cidadãos”, ilustrando ainda mais a fragilidade de um país já à beira do colapso.
Em Cartum, na avenida do aeroporto, uma das principais artérias do centro da cidade, a polícia disparou gás lacrimogéneo contra centenas de manifestantes que seguravam faixas dizendo “Não ao assassinato de Hausas”, observou um jornalista da AFP.
A violência entre as inúmeras tribos que existem no Sudão é comum, embora a frequência tenha aumentado nos últimos meses devido à grave crise económica e política, esta última causada pelo golpe militar de outubro de 2021 e que interrompeu um processo de transição democrática iniciado em 2019, na sequência do derrube da ditadura de Omar al-Bashir, por pressão popular.
Fonte: Lusa