Horas depois de ter participado numa audiência convocada pelo chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, o líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, escreveu na sua página oficial do Facebook que “devia uma explicação nessa sua primeira ida ao Palácio da República e ao encontro do Presidente da República, tratando-lhe apenas por Umaro Sissoco Embaló”.
Muitos guineenses, ativistas e analistas políticos e até certa parte da militância do PAIGC, o seu partido, dizem-se não compreender este novo posicionamento político do líder dos libertadores nessa sua deslocação ao encontro de uma personalidade que ele sempre disse não ser o seu presidente por não ter sido investido conforme as leis do país. Momentos após essa audiência com o Chefe de Estado, Simões Pereira utilizou as suas redes para explicar a situação.
“Irmãos e camaradas, a todos devo uma explicação nesta minha primeira ida ao palácio e ao encontro de Umaro Sissoko Embaló. Asseguro manter a coerência de pensamento, mas também respeitar as opiniões dos demais, decisões dos órgãos superiores do partido e os interesses do país. A paz e a estabilidade devem ser mantidas em primeiro plano”, fundamenta Pereira com tónica do seu discurso a recair na sua coerência.
O presidente do PAIGC disputou a segunda volta das eleições presidenciais de 2019 com Sissoco Embaló e contestou, posteriormente, os resultados junto do Supremo Tribunal de Justiça, alegando graves irregularidades. Ademais, o líder do PAIGC, depois de ver a corte judicial suprema do país confirmar a vitória do seu oponente, prometeu sempre não reconhecer o Sissoco Embalo como o seu presidente da República por este ter tomado posse simbolicamente enquanto tal num hotel da capital. O político garante não ter mudado a opinião sobre a figura de Sissoco Embaló pelo que pediu tolerância e confiança de todos.
“Peço a tolerância e a confiança de todos e agradeço a atenção e disponibilidade”, finalizou Domingos Simões Pereira.
Antes dessa reação nas redes sociais, DSP, a saída do encontro com o chefe de Estado no âmbito de auscultação com os partidos políticos com assento parlamentar, o primeiro desde que Umaro Sissoco Embaló tomou posse como Presidente, justificou a sua decisão em comparecer no palácio com o que considera de “vésperas de uma decisão que pode ser trágica” para o país, referindo-se a intenção de Umaro Sissoko Embaló em dissolver o parlamento -informação avançada pelo presidente da ANP, Cipriano Cassamá.
Por Eliseu Sambú