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PELA SUA SOBERANIA, MALI SE ROMPE COM FRANÇA E UNIÃO EUROPEIA E VIRA-SE PARA A RÚSSIA

Junta militar no poder anunciou que não quer continuar a cooperar com os parceiros europeus, citando “violações flagrantes da soberania do Mali”. Decisão é aplaudida por apoiantes de uma maior aproximação à Rússia.

As forças militares do Mali parecerem estar dispostas a afastar-se de vez do Ocidente e a oficializar a Rússia como novo parceiro principal. Na noite desta segunda-feira (04.03), a junta militar que assumiu o poder no Mali através de um golpe de Estado anunciou que rompeu os acordos de defesa com a França e os parceiros europeus.

Numa declaração feita na televisão estatal, o coronel Abdoulaye Maiga, porta-voz do Governo, anunciou que o Executivo não quer mais continuar a cooperação militar com os franceses: “Dadas as graves deficiências e violações flagrantes da soberania do Mali, o Governo decidiu denunciar o tratado de cooperação em matéria de defesa de 16 de julho de 2014”.

Esta denúncia, para a qual também invocou “múltiplas violações” do espaço aéreo do Mali, concretiza uma ameaça formulada há semanas e constitui uma nova manifestação da degradação das relações entre as autoridades dominadas pelos militares e os antigos aliados do Mali no combate a milicianos.

As autoridades malianas rompem também os Acordos do Estatuto das Forças, que fixam o quadro jurídico da presença no Mali das forças francesas Barkhane e europeia Takuba, bem como em matéria de defesa concluído em 2014 entre o Mali e a França, declarou ainda o porta-voz do Governo, na televisão nacional.

“Desde há algum tempo, o Governo da República do Mali constata com mágoa uma deterioração profunda da cooperação militar com a França”, sublinhou Maiga.

Em particular, citou a “atitude unilateral” da França durante a suspensão em junho de 2021 das operações conjuntas entre as forças francesas e malianas, o anúncio em fevereiro de 2022, “ainda sem qualquer consulta da parte maliana”, da retirada das forças Barkhane e Takuba, e as “múltiplas violações” do espaço aéreo maliano pelos aparelhos franceses, apesar da instauração pelas autoridades de uma zona de interdição aérea sobre uma vasta parte do território.

A decisão foi aplaudida por uma corrente da sociedade civil que defende uma maior aproximação do Mali à Rússia. Siriki Kouyaté, figura proeminente do movimento Yéréwolo, celebrou a decisão agitando uma bandeira russa em Bamako: “O Governo explicou ao povo que não podemos avançar sozinhos. Por isso, aplaudimos que a Rússia e o Mali estejam a estender a mão um ao outro para poderem travar a batalha. Podemos sentir a sua presença, porque podemos comprar-lhes armas”

O jornalista maliano Abdoulaye Guindo explica porque é que O apoio à Rússia tem vindo a crescer no Mali. “Quando se pergunta às pessoas porquê, respondem que é porque nos últimos nove anos a missão francesa não conseguiu trazer segurança às regiões norte e centro do país”, explica o jornalista maliano Abdoulaye Guindo. “As pessoas querem experimentar diferentes opções e acreditam que os russos podem fornecer a solução”.

A denúncia destes acordos levanta questões quanto às suas repercussões sobre a retirada em curso, designadamente da Barkhane, anunciada em fevereiro. Esta importante e perigosa operação, ao fim de nove anos de envolvimento, deve prolongar-se entre quatro e seis meses.

DW

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