O Presidente da Associação Nacional de Defesa e Promoção dos Direitos das Empregadas Domésticas na Guiné-Bissau (a ANAPROMED), Sene Bacai Cassama, foi detido hoje nas instalações da Polícia Judiciária da Guiné-Bissau, segundo informações, por indicações do Ministro da Educação Nacional, na sequência de uma vigília realizada hoje em frente daquela instituição do ensino nacional.
A vigília visou assinalar a passagem de um ano das revindicações feitas no mesmo sítio para exigir o pagamento de salários em atraso ao pessoal menor do referido ministério.
Em uma entrevista à Rádio Jovem, via telefónica a partir da Polícia Judiciária, onde se encontra detido, Sene Bacai Cassama explicou como tudo teria acontecido.
“As mulheres estavam a gritar durante a manifestação: “Devolvam o nosso dinheiro… Devolvam o nosso dinheiro”… e depois de alguns minutos, chegou o Ministro da Educação, que questionou logo às mulheres quem são as pessoas que roubaram o dinheiro delas. Em seguida, o ministro avançou para agredir fisicamente uma mulher presente na manifestação, mas não conseguiu, porque foi impedido por um dos seus seguranças, e foram para o interior do ministério, momentos depois chamaram o corpo policial para me deter”, descreveu Bacai Cassama.
Sene Bacai Cassama contou à nossa estação emissora que está com ferimentos nos pés e está sem assistência médica neste momemto, lembrando que esta é a segunda vez em que foi detido na sequência das suas revindicações
Perante este cenário, o responsável da associação que promove a defesa dos direitos das empregadas domésticas no país deixou o seguinte apelo às autoridades do país.
”Apelamos às autoridades competentes a procurarem por alternativas, porque assim não é a forma de resolver o problema, estão simplesmente a gravar a situação, porque as pessoas não estão sendo pagas os seus salários há mais de 10 anos e como acham que podemos nos manter em silêncio com tudo isso? Estou calmo, estamos determinados, apenas quero solicitar a intervenção das autoridades competentes neste processo.“, disse.
Os auxiliares de serviços gerais de limpeza do ministério da educação nacional estão a exigir do Estado, há mais de um ano, o pagamento de dez meses de salários em atraso, e até então o governo só diligenciou a pagar um mês de salário, mesmo assim, nem todos receberam.
A Associação Nacional da Defesa e Promoção dos Direitos das Empregadas Domésticas na Guiné-Bissau (a ANAPROMED) foi fundada em 2014 e desde então já atendeu mais de 100 denúncias de empregadas domésticas no país.
A situação das empregadas domésticas na Guiné-Bissau “é uma dos mais graves problemas sociais” que o país enfrenta, vários estudos e pesquisas apontam os trabalhadores domésticos como os que mais sofrem com os patrões passando assim por várias dificuldades na família e no trabalho, onde vários são submetidos a maus tratos.
Por Redação